domingo, 3 de novembro de 2013

Não nos enganemos


MANIFESTAÇÃO

Não nos enganemos. Vivemos um momento excepcional na FFLCH, relacionado ao movimento mais amplo de reivindicação de democracia e eleições diretas para reitor, na USP; de contestação do autoritarismo dos governos da cidade e do estado de São Paulo; de crítica às políticas de fundo neoliberal sempre em curso no Brasil. É um momento de crise econômica e política grave, que não permite tergiversações e conciliações aparentes, ao mesmo tempo em que abre a possibilidade de realizar as mudanças necessárias e há muito desejadas no quadro institucional existente. Diante desta grande oportunidade, impõe-se uma ação clara e decidida por parte dos que querem de fato superar o estado de coisas que a crise tornou inviável. Os que somos favoráveis a tais mudanças, temos de apoiar todo esse movimento, certos de que eventuais excessos serão corrigidos no seu próprio curso. O que não se pode é desviar a atenção por considerações externas que o paralisem ou retardem, nem por julgamentos de tipo moralizante que acabam servindo aos interesses políticos conservadores. No âmbito da FFLCH, o movimento começou com a greve dos estudantes, mas deve alcançar todas as categorias, interessadas do mesmo modo na ampliação do espaço de discussão e de decisão. Para isso, declaramos apoio irrestrito ao corpo discente mobilizado, deixando de lado diferenças, nesse momento secundárias.

Docentes da Universidade de São Paulo

1. Adma Muhana - Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

2. Adrián Pablo Fanjul - Departamento de Letras Modernas

3. Afrânio Mendes Catani - Faculdade de Educação

4. Alysson Leandro Barbate Mascaro - Faculdade de Direito

5. Ana Fani Alessandri Carlos - Departamento de Geografia

6. Ana Paula Pacheco - Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada - USP

7. Anderson Gonçalves – Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada

8. André Martin – Departamento de Geografia

9. Annie Schmaltz Hsiou – FFCLRP – Ribeirão Preto

10. Antônia Terra - Departamento de História

11. Beatriz Daruj Gil - Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

12. Carlos Zeron – Departamento de História

13. Carmela Gross – Departamento de Artes Plásticas – ECA

14. Cilaine Alves Cunha – Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

15. Cleide Rodrigues – Departamento de Geografia

16. Cristina Pietraroia - DLM - FFLCH - USP

17. Daciberg Lima Goncalves - Instituto de Matemática e Estatística

18. Edu Teruki Otsuka – Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada

19. Elizabeth Araújo Lima - Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional

20. Ermínia Maricato - Profa. Pós Graduação FAUUSP - Profa. Visitante IE UNICAMP

21. Everaldo de Oliveira Andrade – Departamento de História

22. Francisco Alambert - Departamento de História

23. Francisco (Chico) de Oliveira – Departamento de Sociologia

24. Giliola Maggio - Departamento de Letras Modernas

25. Glória Alves – Departamento de Geografia - USP

26. Helder Garmes - Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

27. Heloísa Fernandes – Departamento de Sociologia

28. Henrique Carneiro- Departamento de História

29. Homero Santiago – Departamento de Filosofia

30. Homero Freitas de Andrade - Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada

31. Isabel Aparecida Pinto Alvarez - Departamento de Geografia

32. Iumna Maria Simon – Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada

33. Ivan Struchiner - Departamento de Matemática (IME)

34. Ivone Daré Rabello – Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada

35. Joaquim Alves de Aguiar - Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada

36. João Adolfo Hansen - Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

37. Jorge Grespan - Departamento de História

38. Jorge Luiz Souto Maior – Faculdade de Direito

39. Leila Hernández – Departamento de História

40. Leon Kossovitch - Departamento de Filosofia

41. Ligia Chiappini – Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada

42. Lincoln Secco - Departamento de História

43. Luiz Bernardo Pericás - Departamento de História

44. Luiz R. Martins – Departamento de Artes Plásticas – ECA

45. Luiz Roncari - Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

46. Maite Celada – Departamento de Letras Modernas

47. Manoel Fernandes de Sousa Neto – Departamento de Geografia

48. Marcello Modesto - Departamento de Linguística

49. Marcelo Ventura Freire - Escola de Artes, Ciências e Humanidades

50. Marcos César P. Soares - Departamento de Letras Modernas

51. Marcos Silva - Departamento de História

52. Maria Elisa Cevasco - Departamento de Letras Modernas

53. Maria Lucia Cacciola - Departamento de Filosofia

54. Marta Maria Chagas de Carvalho - Faculdade de Educação- USP

55. Maria de Fátima Bianchi – Departamento de Letras Orientais

56. Maria Silvia Betti – Departamento de Letras Modernas

57. Maria Victoria de Mesquita Benevides - Faculdade de Educação

58. Maria Zulma M. Kulikowski- Departamento de Letras Modernas

59. Marisa Grigoletto – Departamento de Letras Modernas

60. Mauricio Cardoso - Departamento de História

61. Mauro Zilbovicius – Escola Politécnica

62. Neide Maia González - Departamento de Letras Modernas

63. Osvaldo Coggiola - Departamento de História

64. Otília Fiori Arantes - Departamento de Filosofia

65. Pablo Ortellado - Escola de Artes, Ciências e Humanidades

66. Patrícia Moran - CTR/ECA - USP

67. Paula Marcelino – Departamento de Sociologia

68. Paulo Arantes – Departamento de Filosofia

69. Paulo A. da Silveira Filho - Departamento de Sociologia

70. Primavera Borelli - Faculdade de Ciências Farmacêuticas

71. Rejane Vecchia – Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

72. Renato de Silva Queiroz – Departamento de Antropologia

73. Ricardo Musse - Departamento de Sociologia

74. Rodrigo Ricupero - Departamento de História

75. Rubens Machado Jr. - ECA

76. Ruy Braga - Departamento de Sociologia

77. Salete de Almeida Cara -Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

78. Sean Purdy - Departamento de História

79. Simone Scifoni – Departamento de Geografia

80. Sueli Angelo Furlan – Departamento de Geografia

81. Sylvia Bassetto – Departamento de História

82. Valeria De Marcos – Departamento de Geografia

83. Wagner Costa Ribeiro - Departamento de Geografia

84. Waldir Belvidas - Departamento de Linguística

85. Zilda Márcia Grícoli Iokoi - Departamento de História

Alunos de pós-graduação, egressos e formados pela USP

1. Afonso R. Lacerda - Pós - Departamento de Letras Modernas

2. Ailsson Floriano Pinheiro de Camargo - Aluno da Especialização em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho da USP

3. Alessandro da Silva, mestrando em direito do trabalho na Faculdade de Direito da USP

4. Aline Maciel – Pós - Departamento de História

5. Alysson T. A. Oliveira – Departamento de Letras Modernas

6. André Luiz Moura de Oliveira - formado em História pela USP 2012

7. Associação de Pós Graduandos Helenira "Preta" Resende (APG-USP Capital)

8. Atenágoras Souza Silva – Pós - Instituto de Física

9. Azucena Citlalli Jaso Galván – Pós – Departamento de História

10. Bebel Enge, Formado pela Faculdade de Direito, Turma de 1989

11. Bruno Carvalho – Pós - Departamento de Filosofia

12. Camila Massaro de Góes – Pós - Ciência Política

13. Carlos Russo Jr. - Espaço Literário Marcel Proust (ex-aluno da USP, Faculdade de Medicina, campus de Ribeirão Preto, e Faculdade de Odontologia, Hospital Universitário)

14. Carolina Gabriel de Paula – Pós – Departamento de Geografia

15. Carolina von Zuben - formada em Letras – USP

16. César Takemoto - pós-graduando – Departamento de Teoria Literária

17. Christian Gilioti - Pós - Departamento de Filosofia

18. Cristiane de Vasconcelos Lopes – Pós – Prolam

19. Cristiane Maria de Paula, aluna graduação História - USP

20. Cristiane Toledo Maria - Pós - Departamento de Letras Modernas

21. Cristina Alvares Beskow - Pós - ECA

22. Daniel Costa – graduando em História

23. Deni Ireneu Alfaro Rubbo - Mestre em Sociologia pela USP

24. Duanne de Oliveira Ribeiro – Aluno - Departamento de Filosofia

25. Edelsvitha Partel Murillo aluna de Pós Graduação em linguística

26. Eduardo Luís Campos Lima - mestre em Estudos Linguísticos e Literários
em Inglês/DLM/FFLCH/USP

27. Eline Pereira de Souza - Pós (doutorado) - História Social

28. Eva Aparecida dos Santos- Pós- Departamento de História

29. Fabio Alves dos Santos Dias – Pós – Departamento de Sociologia

30. Fernanda Salgueiro - Pós - Departamento de História

31. Fernanda Sousa Fiamoncini - Aluna de Letras - Alemão

32. Fernanda Thomaz – Pós – Departamento de Geografia

33. Fernando Rodrigues Frias Pós- Programa de Integração Brasil América Latina- Prolam - USP

34. Francisco Pereira Costa - Doutorando em História Social -USP/UFAC e Membro do Grupo de Estudo Capital e Trabalho no Direito Social - FD/USP

35. Francisco Silva Rosberg – Formado pela FFLCH

36. Gabriela Oppitz - mestranda MAE-USP

37. Georgia Christ Sarris - Pós-Graduação - Departamento de Filosofia

38. Giovanna Maria Magalhães Souto Maior - Integrante do Grupo de Estudos Trabalho e Capital da Faculdade de Direito da USP

39. Giovane Ramos - Doutoranda - Faculdade de Educação/USP

40. Gustavo Seferian Scheffer Machado – Pós – Faculdade de Direito

41. Gustavo Takashi Moraes Assano - Pós – Departamento de Filosofia

42. Helder Rossi Santos Souza - Mestrando do programa de Filologia e Língua Portuguesa da FFLCH/USP - Coordenação da APG da USP Capital - Helenira "Preta" Rezende

43. Inauê Taiguara M. de Almeida - graduando em Filosofia

44. Ivan Ducatti – Doutor em História Social pela USP

45. Jacqueline Moraes Teixeira - Doutoranda - Antropologia Social

46. Jade Percassi - Formada em Ciências Sociais FFLCH, Doutoranda em Sociologia da Educação (FEUSP)

47. José Rogério Beier – Pós – Departamento de História

48. Juliana Andrade Oliveira – Pós – Departamento de Sociologia

49. Juliana Moura Bueno – Formado em Ciências Sociais pela USP

50. Júlio César Moreira – Graduado FFLCH

51. Léa Tosold – Pós - Departamento de Ciência Política

52. Leandro Paixão – graduando em Letras

53. Lígia Barbosa Lima - Graduando em Letras

54. Lígia Luchesi Jorge, Mestre em Estudos Judaicos FFLCH-USP

55. Luciana Borges - Pós-Graduanda - Geografia Humana – USP

56. Luis Almeida Tavares, Diretor da ASSIBGE-Sindicato Nacional, Dr. em Geografia Humana pelo Departamento de Geografia da FFLCH-USP.

57. Luiz Gustavo Soares – Pós – Letras

58. Márcia S. Hirata – Pós – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

59. Márcia Bassetto Paes - FFLCH/Letras

60. Maria Claudia Badan Ribeiro - ex-aluna e doutorada pelo Departamento de História - FFLCH/USP

61. Maria Dea Conti Nunes - ex-aluna Departamento de Filosofia

62. Matheus Cardoso da Silva - Pós- Departamento de História

63. Maurício André Silva - Pós-Graduando e Educador MAE/USP

64. Michel Amary Neto, graduando em Filosofia na USP

65. Milena Mulatti Magri – Pós - Letras

66. Nanci Espinosa – Pós – Departamento de História

67. Natalia Dias Tadeu - Pós - PROCAM

68. Pâmela Danitza Lozano Carvalho – Aluna de Letras

69. Paulo de Carvalho Yamamoto - Integrante do Grupo de Estudos Trabalho e Capital da Faculdade de Direito da USP.

70. Paulo Yasha Guedes – Pós - Departamento de Filosofia

71. Rafael Godoi – Doutorando – Departamento de Sociologia

72. Rafael Pacheco Marinho - Graduando em Ciências Sociais

73. Rafael Pereira (Mestrando/FEUSP)

74. Rafael Moreira Dardaque Mucinhato – Pós - Departamento de Ciência Política

75. Rafael Tubone Magdaleno - bacharelando em Direito na PUC-SP(4ºano) e Filosofia na USP.

76. Renan Quinalha – Pós – Faculdade de Direito

77. Rosemary Costhek Abílio – Formado pela USP

78. Sergio Alves Souza – Doutor em História Social pela USP

79. Thais Pavez – Pós - Departamento de Ciência Politica

80. Thomas Dreux Miranda Fernandes - Pós-graduação - História

81. Tiago Machado de Jesus –Pós - História Social

82. Tiago R Machado – Pós - Departamento de História

83. Tiago Rangel Côrtes - Mestrando em Sociologia - FFLCH

84. Vera Aguiar Cotrim – Doutorando - Departamento de História Econômica da FFLCH

85. Yuri Martins – Pós – Departamento de História

Funcionários da USP

1. Alexandre Pariol Filho - Diretor do Sintusp

2. Álvaro Simões - Conselheiro de Base do Sintusp

3. Aníbal R Cavali – funcionário - Faculdade de Direito

4. Ana Angélica Fernandes Monica – Funcionária Seção de Compras - FEA/USP

5. Claudionor Brandão – Funcionário demitido da USP – Dirigente do Sintusp

6. Diana Assunção - Diretora do Sintusp

7. Giovanna Usai - Funcionária da FFLCH/Letras

8. Larissa Fostinone Locoselli – Centro Interdepartamental de Línguas da FFLCH

9. Luís Ribeiro - Jornalista da USP Ribeirão Preto

10. Magno de Caravalho - Diretor do Sintusp

11. Manoel dos Santos - Conselheiro de Base do Sintusp

12. Mara Beatriz França Guimarães - SBD/FFLCH/USP

13. Marcello Ferreira dos Santos (Pablito) - Diretor do Sintusp

14. Marlene Petros Angelides – funcionário da FFLCH

15. Mary Coseki - CONSELHO DIRETOR DE BASE DO SINTUSP

16. Neli Maria Paschoarelli Wada - Diretora do Sintusp

17. Ony Rodrigues de Campos - Diretor do Sintusp

18. Reinaldo Souza – funcionário da Faculdade de Educação

19. Rosely de Sá Oliveira - Técnica Acadêmica
Serviço de Apoio ao Ensino de Graduação - Comissão de Graduação
FFLCH-USP

20. Tiago Villa Mello - funcionário - EACH

21. Vanderlino F. Assunção - Conselheiro de Base do Sintusp

22. Vitor Moretto - Conselheiro de Base do Sintusp

23. Zelito Souza dos Santos -funcionário- CEPEUSP

Docentes de Outras Universidades

1. Airton José Cavenaghi - Universidade Anhembi Morumbi - Laureate International Universities

2. Alair Silveira - Ciência Política – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

3. Alexandre C. Varella, professor de História, Universidade Federal da Integração Latino-Americana, UNILA, mestre e doutor em História Social pela USP.

4. Alvaro Bianchi -- Departamento de Ciência Política –Unicamp

5. Ana Amelia da Silva - Professora do Departamento de Sociologia da PUC-SP.

6. Anderson Deo - Professor Departamento de Ciências Políticas e Econômicas - UNESP/Marília

7. Angélica Lovatto - UNESP-Marília

8. Antônio Bosi – Professor Departamento de História – Unioeste (Paraná)

9. Antonio Carlos Mazzeo – Professor de Ciência Política - UNESP/Marília

10. Antonio Rago Filho - Departamento de História - PUCSP

11. Antonio Rodrigues Belon - Professor aposentado da UFMS

12. Arlete Moysés Rodrigues – Professor Livre Docente – UNICAMP

13. Beatriz Abramides - Professora da PUC-SP

14. Betânia Dantas – Docente - Universidade Federal de São Paulo

15. Bruno Antonio Picoli - Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS

16. Bryan Pitts, Visiting Assistant Professor, Department of History, Duke University, USA.

17. Caio Navarro de Toledo - professor aposentado da Unicamp

18. Carla Luciana Silva - História - UNIOESTE

19. Carlos Estevão Ferreira Castelo – Centro de Ciências Jurídicas e sociais Aplicadas da UFAC – Universidade Federal de Acre

20. Carlos Sanches – Professor Aposentado da UFMT - Presidente da ADUFMAT/UFMT

21. Carlos Zacarias F. de Sena Júnior – Professor Departamento de História – UFBA

22. Daniel Bin - professor adjunto – FACE - Universidade de Brasília

23. Daniel Fernandez - Professor de História - Universidade do Vale do Paraíba -
UNIVAP

24. Danilo Enrico Martuscelli – Ciência Política - UFFS

25. David Mandel – Departamento de Ciência Política - Univ. du Quebec à Montreal

26. Deise Mancebo - Professora Titular – UERJ

27. Diorge Alceno Konrad - Professor do Departamento de História da UFSM - Doutor em História Social do Trabalho pela UNICAMP

28. Eduardo José Afonso – Departamento de História – FCL Campus de Assis – UNESP

29. Eurelino Coelho – Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia

30. Evandro de Carvalho Loboã – Docente – Faculdade Cáspar Líbero

31. Faní Quitéria Nascimento Rehem - Departamento de Educação - Universidade Estadual de Feira de Santana

32. Flávio Rocha de Oliveira - Professor do Curso de Relações Internacionais – UNIFESP

33. Francesco Schettino – Facoltà di Economia – Università di Napoli “Federico II”

34. Francisco Carlos Teixeira da Silva – Professor aposentado (UFRJ) – Docente do IUPERJ

35. François Albera, Université de Lausanne (Suisse), directeur de recherche au Fonds national suisse de recherche scientifique

36. Frederico José Falcão - Professor de História - UFRRJ

37. Geraldo Blay Roizman – Arquitetura e Design - FMU

38. Gianfranco Pala - Dipartimento di Economia Pubblica – Università degli Studi “La Sapienza” (Roma)

39. Gilberto Calil (Unioeste)

40. Gilberto Maringoni - Professor de Relações Internacionais – UFABC

41. Glaucia Vieira Ramos Konrad - Professora Adjunta do Departamento de Documentação da UFSM

42. Gonzalo Adrián Rojas –UFCG

43. Hector Benoit – Departamento de Filosofia – Unicamp

44. Isabel Loureiro - Professora aposentada da UNESP

45. Janete Luzia Leite - Professora Escola de Serviço Social – UFRJ

46. Jean Menezes - Departamento de Ciência Política e Economia - Unesp Marília

47. João Alexandre Peschanski, Sociology, PhD, University of Wisconsin-Madison

48. João Francisco Tidei Lima – Professor aposentado - UNESP-Assis

49. John Kennedy Ferreira – IFSP – São Paulo

50. Jorge Coli – Professor Titular – IFCH – Unicamp

51. José Aparecido Rolon – Professor de História – UNIFESP

52. José Arbex jr – Professor de Jornalismo – PUC-SP

53. José Claudinei Lombardi (Zezo) – Professor Faculdade de Educação – Unicamp

54. José Menezes Gomes – Professor do Departamento de Economia e Ciência Política – UFAL

55. Katia Motta, docente do Colégio Pedro II, da rede Federal no Rio de Janeiro.

56. Leonardo Santos, Prof. Adjunto - Universidade Federal da Fronteira Sul

57. Leandro Galastri - Departamento de Ciências Humanas / Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG)

58. Leandro Piazzon – IFSP – Campus Bragança Paulista

59. Lívia de Cássia Godoi Moraes - Departamento de Educação, Ciências Sociais e Políticas Públicas - UNESP Franca

60. Lúcia Aparecida Valadares Sartório - Departamento de Teoria e Planejamento de Ensino - IE/UFRRJ

61. Lucimara Benatti - UNILAGO/São José do Rio Preto-SP

62. Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida – Professor do Departamento de Política – PUC-SP

63. Luís Mauro Sampaio Magalhães – Docente Departamento de Ciências Ambientais - Instituto de Florestas – UFRRJ

64. Luiz Eduardo Simões de Souza – Departamento de Economia – UFAL

65. Luiz P. Motta – Docente da Universidade Federal de Rio de Janeiro (UFRJ)

66. Luzia Margareth Rago – Departamento de História - Unicamp

67. Marcos Del Roio - Ciências Políticas - UNESP – FFC

68. Marcos Ferreira de Paula – Professor Departamento de Saúde, Educação e Sociedade – Unifesp

69. Maria de Fatima Silva do Carmo Previdelli - professora UFJF (Departamento de Economia)

70. Maria Lygia Quartim de Moraes Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UNICAMP

71. Maria Orlanda Pinassi – Faculdade de Ciências e Letras - UNESP Araraquara

72. Mario Maestri, historiador, prof. titular, PPGH da UPF.

73. Maurício Vieira Martins – Professor Departamento de Sociologia – UFF

74. Maurizio Donato – Facoltà di Giurisprudenza – Università di Teramo

75. Mauro Luis Iasi - ESS UFRJ e PCB

76. Meire Mathias – Departamento de Ciências Sociais (UEM)

77. Michael Burawoy - Departamento de Sociologia - Universidade da Califórnia em Berkeley

78. Michel Goulart da Silva - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense (IFC) - Diretor do SINASEFE - Seção Sindical IFC

79. Milton Pinheiro - UNEB - Universidade do Estado da Bahia

80. Mojana Vargas – Universidade Federal do Paraíba

81. Murilo Leal Pereira Neto - Professor de História da Unifesp e Diretor Acadêmico do Campus Osasco (Escola Paulista de Política, Economia e Negócios)

82. Olga Brites - Professora na graduação e na pós-graduação em História da PUC/SP

83. Paulo Barsotti - FGV-SP

84. Paulo Roberto Martins Berndt - Professor de Matemática - IFRS - Campus Feliz

85. Patricia Tropia – Ciênica Política – Universidade Federal da Uberlândia

86. Plinio de Arruda Sampaio Jr. – Instituto de Economia – Unicamp

87. Priscila Correa – Departamento de Ciências Humanas – Universidade Estadual da Bahia

88. Rafael Alcadipani – Professor Adjunto da FGV-EAESP

89. Renata Gonçalves – UNIFESP – Baixada Santista

90. Ricardo Antunes – Sociologia – Unicamp

91. Ricardo Cesar Rocha da Costa - Professor de Sociologia - IFRJ

92. Roberto della Santa - Departamento de Comunicação – UEL

93. Roberto Leher, Faculdade de Educação, UFRJ

94. Rodrigo Medina Zagni – Docente EPPEN - Universidade Federal de São Paulo /DIVERSITAS – USP

95. Rosa Maria Marques - Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais - PUC-SP

96. Sara Granemann - Professora - UFRJ

97. Silvia Adoue – Professora Departamento de Espanhol - UNESP/Araraquara

98. Silvia De Bernardinis – Mestre em História Econômica (USP) – Professora Instituto Cultural Itália-Brasil (ICIB)

99. Silvia Viana - Departamento de Fundamentos Sociais e Jurídicos – FGV

100. Sofia Manzano - UESB - Universidade do Sudoeste da Bahia

101. Tatiana Benevides Magalhães Braga - Doutora em Psicologia pelo IPUSP,
professora do departamento de Psicologia da PUCMinas

102. Uassyr de Siqueira/ UNIMEP

103. Valério Arcary – Doutor em História Social pela USP - Professor do IFSP

104. Vanderlei Elias Nery - Núcleo de Estudos e Ideologia e Lutas Sociais – NEIL – PUC-SP

105. Victoria Weischtordt (Vicky) – Professora PUC-SP - Presidente da APROPUC

106. Virgínia Fontes – Professora PPG História/UFF e EPSJV/Fiocruz

107. Wagnervalter Dutra Júnior - Professor do curso de Geografia da Universidade do Estado da Bahia -

108. Yves Cohen, professor de História, École des Hautes Études en Sciences Sociales

Alunos e Apoiadores de Outras Universidades

1. Afonso d’Ecclesiis – Estudante de Economia – PUC/SP

2. Alexander Vieiri - pós graduação do SENAC

3. Ana Maria Conti Vieira - Mestre em Educação – UNISO

4. Carlos Eduardo Boaretto Pereira - Bolsista Técnico - Universidade Estadual do Oeste do Paraná

5. Carlos Russo Jr. - Espaço Literário Marcel Proust (ex-aluno da USP, Faculdade de Medicina, campus de Ribeirão Preto, e Faculdade de Odontologia, Hospital Universitário)

6. Cintia Rufino Franco Shintate- Mestranda UFABC e professora de História da rede pública estadual paulista

7. Clarisse Chiappini Castilhos, economista, Fundação de Economia e Estatística/RS

8. Diogo Portugal Pudles - Bancário – CEF – São Paulo

9. Fabio de Oliveira Maldonado, aluno de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco

10. Flávio de Castro, sociólogo, Conselho Consultivo do blog marxismo21

11. Guiomar Ferreira – professora

12. Gustavo Casasanta Firmino - mestrando em Ciências Sociais (UEL/PR).

13. Gustavo dos Santos Cintra Lima - Professor de Sociologia da Rede Estadual de Minas Gerais-Uberlândia/ Mestrando em Ciências Sociais-UFU

14. Hugo Yuichi Kitanishi - jornalista (Londrina-PR)

15. Ivana Jinkings - Diretora Editorial – Editora Boitempo

16. João Alexandre Monteiro Sato, sou estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas

17. Michelangelo Marques Torres - Estudante de Doutorado IFCH Unicamp

18. Natan Zeichner – Fulbright-Hayes Scholar, Doctoral Program, Department of History - New York University

19. Neila Soares da Silva - Pós-Graduação - Programa de Doutorado em Ciências Sociais - Unicamp.

20. Pedro H. Raidan - Estudante de Ciências Sociais, UFMG

21. Régis Michel, universitaire, Paris

22. Rodolfo Anselmo L. da Rosa - Estudante de jornalismo da PUCRS

23. Sergio Domingues – Pós - Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana - UERJ

24. Silvana Soares de Assis – Professora de História – Rede Pública Estadual Paulista

25. Tiago de Oliveira - pós-graduando em História Social da UFF

26. Vinicius Lopes de Oliveira - Professor da rede Estadual de Ensino de São Paulo

Diretas na década de 1980 - Cobertura da Folha

Um panorama do jogo de ideias de lá até aqui:

Democratização da USP, tema de debate do DCE

http://acervo.folha.com.br/fsp/1981/09/04/30//4201936

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USP articula-se para indicação de novo reitor

http://acervo.folha.com.br/fsp/1981/09/13/381//4204418

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Protesto marca solenidade do cinquentenário da USP

Antes da invasão, uma "missa" e muitas vaias


http://acervo.folha.com.br/fsp/1984/01/26/2//4314802

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Opiniões divergem quanto ao nível das discussões na USP

http://acervo.folha.com.br/fsp/1984/02/19/382//4180219

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Reitores debatem estrutura de poder na Universidade

Igrejas podem ter influência sobre o processo sucessório

Democratização deve começar pelos conselhos universitários

"Ensino está dirigido às elites"

Voto direto definirá o cargo de reitor

Manobras políticas também decidem o poder

Esther quer mais autonomia mas é contrária a eleições


http://acervo.folha.com.br/fsp/1984/10/28/387//4218918

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Mackenzie e 11 de agosto elegem novas diretorias

http://acervo.folha.com.br/fsp/1984/10/26/2//4218349

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Quatro chapas disputam o DCE-USP

http://acervo.folha.com.br/fsp/1984/11/17/2//5404112

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Universidade e MEC debatem reforma do ensino superior

Especialistas destacam a importância da autonomia


http://acervo.folha.com.br/fsp/1985/11/03/2//4124854

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Universidade e democracia

http://acervo.folha.com.br/fsp/1985/11/04/2//4125757

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Goldenberg, Dallari e Guilherme Silva vencem na USP

http://acervo.folha.com.br/fsp/1985/11/23/2//4167989

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Renúncia 'escancara' luta de poder na USP

http://acervo.folha.com.br/fsp/1993/08/08/264//4950000

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A USP contra a politicagem

As duas crises na USP


http://acervo.folha.com.br/fsp/1993/08/15/2//4846964

Me Gustan Los Estudiantes

Antonio Carlos Robert Moraes
Professor Titular do Departamento de Geografia – FFLCH/ USP

Me gustan los estudiantes quando a contenção das contratações começa a tornar inviável cumprir as grades curriculares e mesmo assim o corpo docente continua dando aulas para classes cada vez maiores, porém, hipnotizados pelo culto da ordem, não se rebela contra a situação; 

Me gustan los estudiantes quando o governador fazendo uso de uma discutível prerrogativa legal, não utilizada na USP há mais de três décadas, desde o governo democrático de Franco Montoro (nunca utilizada na UNICAMP, e causadora da maior crise institucional vivida pela UNESP), não escolhe o primeiro indicado de uma também discutível lista de reitores, e o corpo docente da universidade não se revolta e parte dele ainda busca justificativas para a arbitrária e inaceitável atitude;

Me gustan los estudiantes quando este mesmo governador, no início de seu mandato, tenta se apossar dos fundos específicos da USP no Tesouro Estadual e o corpo docente se comporta como se não se tratasse de uma medida administrativa altamente lesiva para a instituição e um pequeno grupo de docentes, elevados ao staff governamental, são os artífices de tal medida;

Me gustan de los estudiantes quando o reitor ilegítimo, passando por cima dos documentos e normas que regem o funcionamento da USP, cria uma profusão de cargos diretivos não previstos no Estatuto e Regimento, criando um desenho administrativo altamente personalista e o corpo docente não se rebela;

Me gustan los estudiantes quando um reitor e seus “assessores”, destituídos de legitimidade, fazem uso dos recursos financeiros da USP de forma pouco transparente, notadamente em operações imobiliárias, e o corpo docente não se manifesta;
Me gustan los estudiantes quando uma política clientelista e de nepotismo domina a vida universitária, criando redes hierarquizadas de poder estranhas aos órgãos regimentais e o corpo docente não protesta ao ver sua vida comandada por um conjunto de colegas que fizeram do “envolvimento institucional” sua atividade principal na universidade.

Os colegas que legitimamente protestaram pelo direito de dar suas aulas poderiam ter pensado na violência burocrática a que fomos submetidos na última gestão. Violência esta que se manifesta, por exemplo, em uma pletora de reuniões, cuja frequência torna inviável o ensino e a pesquisa. Eu, e outros, não íamos a tais reuniões, por razões óbvias; mas alguém ia e votava “legitimamente” pelos “ausentes”. Vai alguma crítica a tal tipo de prática que, na verdade, somada a relatórios infindáveis, dificulta muito mais a docência do que as cadeiras empilhadas nos corredores, e que, vale dizer, pude afastar sem que tenha sido impedido por qualquer atitude violenta.

Me gustan los estudiantes quando um imobilismo político domina o corpo docente, parte cooptado por pequenos afagos, parte tornado zumbi pela ideia fixa do currículo Lattes, parte ainda empenhado na luta para subir nessa estrutura de poder montada na USP e, finalmente, parte ganhando dinheiro nas fundações, algumas inclusive vinculadas à FFLCH ou a seus professores. Diálogo já. 

Triste este momento de tantas injustiças e tão pouca revolta, quando os docentes parecem só conseguir clamar pela ordem, para ministrarem suas tão importantes aulas. Nem uma reflexão sobre o autoritarismo, e a imensa burocratização de nossas vidas. Nem uma palavra sobre a insana quantidade de reuniões para que somos convocados, e que compromete boa parte do nosso dia. Nem uma reflexão sobre o fato de que os PMs de São Paulo, cujos salários são mais baixos do que os de seus colegas do Goiás, Tocantins e Sergipe, talvez não queiram invadir a USP. 

Buscar o diálogo com os alunos me parece a única coisa razoável a ser feita. Diálogo já dos professores entre si. Dos funcionários. De alunos com professores. De professores com funcionários. De todos com os candidatos. E que as chapas que conseguirem melhores canais sejam elogiadas nos debates.

[Esse não é um texto de abaixo assinado. Por favor, não agreguem assinaturas. Façam, se quiserem, reflexões sobre os pontos tratados...]

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Calendário de greve 28.10 à 01.11

Segunda - 28.10
- Reunião do Comando Geral de Greve – 18h – Reitoria Ocupada


Terça - 29.10
- Ato em frente à reunião de Negociação com a Reitoria – 10h – na sede do CRUESP (rua Itapeva, 26)

- Plenária unificada dos três setores - 18h - na Sala Caio Prado Jr. - Prédio de História


Quarta - 30.10
- Aula Pública:
A estrutura de poder da USP - com os professores Homero Santiago e Vladimir Safatle – 17h – Sala 111

- Assembleia dos Estudantes de Filosofia - 19h - Sala 111 do Prédio de Filosofia

- À noite confraternização no CAF- Dia do Saci

Quinta - 31.10
- Aula Pública:
Hume e as ambiguidades da revolução - com o prof. Pedro P. Pimenta – 14h30 – Sala 111

- Assembleia Geral às 18h, em frente à Reitoria Ocupada

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Acerca do documento "Diante da Situação"

Homero Santiago

Caros colegas,

Como não sou bom em discussão poética e não tenho condições de argumentar com a memória de longa data (não que a tenha perdido, simplesmente não conheço a USP dos tempos de antanho), vou me permitir alguns comentários mais chãos, ou mlehor, algumas impressões, me servindo da memória mais imediata (entrei em 1993 na USP), acerca do documento recente “diante da situação”, que nos foi enviado a todos e foi noticiado hoje pela Folha de S. Paulo.

* Sobre os meios de produção do texto e a coleta de assinaturas, não vejo maiores problemas; é uma via legítima. Porém, há de se ponderar, como fez perfeitamente o prof. Adrián: “o modo de circulação do texto, como o de qualquer texto, é parte de seu sentido, inclusive o fato de ter alcançado tão rapidamente divulgação na Folha de São Paulo”. Querendo ou não é um texto feito para sair no jornal (o que não quer dizer que tenha sido tal a intenção).

* É cansativa essa coisa toda de “excelência”, “qualidade”, etc. Em termos mais teóricos, se poderia invocar Gilles Deleuze: só os funcionários do saber costumam levar a sério tais argumentos – e sempre no mau sentido: é a desculpa para as piores coisas, para as atitudes mais burocráticas, para a constituição de um discurso afinado ao poder (com intenção ou não); em bocas cínicas é tenebroso (o que não quer dizer que todos os signatários o sejam; somente que alguns o são com certeza, e vou me permitir relacionar as ações aos bois, mesmo sem nomeá-los).

* É incrível que alguns (a maioria, ao menos dentre os que conheço, não) dos que lastimam que “excepcionalmente” se interrompa o “trabalho universitário sério e precioso” são os mesmos (dois ou três) que dispensam os alunos mais cedo porque marcaram consulta no HU – ora, bolas! por que não marcam fora do horário de aula. Houve (uma única vez, pelo menos) um que interrompeu a aula porque precisava ir ao “Banespa” (faz algum tempo).

* Dentre os arautos da excelência, há aqueles que vivem viajando e nunca se preocupam com nada relativamente aos cursos e aos alunos (há os que viajam e se preocupam, e que são a maioria). Há os que por algum motivo (em geral por ocupar cargos burocráticos), cuidam da própria vida e estão há anos dando o mesmo curso; quando o curso é bom, isso é até positivo, quando o curso é ruim, é uma desgraça para o conjunto dos alunos.

* Há aqueles que afirmam sem pudor que “as atuais estruturas de poder da USP sejam pouco permeáveis às aspirações coletivas”, mas participam plenamente dessa “estrutura de poder”, em alguns casos inclusive com cargos.

* Há os que invocam a qualidade do trabalho, sua preciosidade, etc., mas imagino: se fosse esse um critério realmente importante, poderíamos começar a avaliar os que ocupam toda sorte de cargos (especialmente os de direção) para ver se o satisfazem. Por exemplo, enoja-me sempre a expressão “estudante profissional” usada pejorativamente. Eles existem, não tenho dúvidas, mas é bom dizer que existe administrador profissional, aqueles que, à la PMDB, agarram o peixe e nunca o largam. Por exemplo, há um candidato a reitor, agora, que já em 2000 ou 2002, numa greve de estudantes, esteve na FFLCH e foi alvejado como uma galinha ou coisa parecida, pouca importa; a questão é que já era da reitoria havia anos; lá continua. São dez, doze, treze anos: isso não é um professor-administrador profissional? Somos comandados por uma casta que se reveza, famílias que dividem o poder (uma pró-reitoria aqui, um voto ali, uma verba acolá, etc.).

* Dentre os signatários, há alguns que conheço há pelo menos vinte anos (como disse, entrei em 1993 na USP) e nunca foram a favor de nenhuma greve, de nenhuma ação contestatória; uns por índole, muitos porque sempre estiveram ao lado do poder. No caso destes últimos, mesmo que compreensível o espírito Marco Maciel (se há governo, sou a favor), ao menos que tenham a decência de não assinar os questionamentos que vêm no documento, os quais, na boca de alguns, só pode soar como corpo estranho, um coup de force motivado pelo momento.

* Acho uma banalidade discutir se os métodos dos estudantes são bons ou ruins, pois são os únicos disponíveis. Ao menos, algum mérito eles têm: fazem as pessoas se articular em torno de documentos como “Diante da situação”.

* São os melhores expedientes? Não sei, muito provavelmente não. Mas o caso é que renegá-los é simplesmente jogar às traças algumas das formas de combate mais antigas e eficazes de qualquer grupo de contestação. Há alternativas? Sim, mais confortáveis, menos constrangedoras, mas que não são a todos acessíveis. Tomo a liberdade de retomar aqui trecho de uma mensagem que enviei a esta mesma lista há alguns anos (as questões se repetem, os comentários também o podem): “Para determinar certas transformações sociais, estou certo de que comprar um deputado é uma maneira mais ‘higiênica’, por assim dizer, para alcançar o mesmo objetivo que uma ocupação de terra, mas será que a compra de parlamentares é acessível a todos? Pois então, há gente que compra deputado, há reitores que compram chefes de unidades, há quem faça piquete, e assim por diante. (A respeito desse ponto, para que não fique no vazio, menciono uma reportagem do Estadão, 14-06-09, p. A24, cujas fontes foram especialmente professores titulares da universidade: ‘Alguns apontam que, na prática, a reitora tem conseguido aprovar medidas nas votações do Conselho Universitário [...] por conta de uma razão: é dela a chave da USP (cerca de R$ 3 bilhões) vai para despesas fixas, como custeio e salários. Rendas extraorçamentárias, como as taxas e laudos produzidos pelas unidades, passaram a ser centralizadas na reitoria. Essa seria a moeda de troca de Suely.).”

* Pois, então. Se queremos mudar algo, os signatários (ingênuos e mal-intencionados, indistintamente) farão uma vaquinha para comprarmos votos no CO? Quem sabe dessa forma não se precisa mais de cadeiraço. As palavras são rudes, sim, mas mutatis mutandis sabemos todos que as coisas funcionam assim, todos tomamos parte de alguma comissão, participamos de colegiados, conhecemos o tipo de mando que a reitoria exerce, e sabemos bem o que é o poder na USP – diz-se que a universidade é fechada à sociedade, mas é um engano; a USP é a cara do país, da sociedade brasileira: poder concentrado, que acaricia e sabe cooptar quando convém, violento quando precisa. Quando vamos “mudar vigorosamente de atitude”? Contra cadeiraços é fácil, difícil é dizer às claras como as coisas funcionam.

* Por fim, não falo dos métodos, mas em geral muitas das teses do movimento estudantil (e das análises que as sustentam) são lastimáveis. Certo fetiche com a ideia de “diretas para reitor”, inclusive (se as tivéssemos não se mudaria muito a universidade, talvez até piorasse). Agora, um mérito os estudantes têm: fazem política, e a fazem às claras (um cadeiraço é um ato político claro para quem quiser ver). Na contramão: 1) os mandatários da universidade sufocaram a política universitária, e por isso ela só pode aparecer sob a forma da explosão, da desordem; 2) não deixam que se faça política, mas a fazem muito, sempre escondido e de maneira mistificada. Por que Rodas é reitor? porque era próximo a Serra; por que está em desgraça? porque o grupo de Alckmim está tomando conta do PSDB (Folha de S. Paulo dixit). Isso é política, acho normal que aconteça. Mas aventar a qualidade, a excelência, a vida universitária, os princípios de não-sei-o quê, etc., etc., isso é mistificação; talvez sejam palavras bonitas para a imprensa, porém não dizem nada da realidade universitária que conhecemos.

Desculpem o malajambramento das impressões.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Ata Assembleia da Filosofia, 21/10/2013

Assembleia dos estudantes de filosofia da faculdade de filosofia, letras e ciências humanas da universidade de são Paulo, 21 de outubro de 2013

Informes:

Houve plenária dos três setores hoje, 21 de outubro de 2013

21/10 (segunda): Ato em frente a reunião de negociação, no CRUESP, às 10h

22/10 (terça): Arrastão pela USP e ato em direção ao MASP a partir das 15h

23/10 (quarta): Audiência pública com Rodas em frente a reitoria às 10h

ADUSP aprovou também uma paralisação dxs professorxs na 4ª.

24/10 (quinta): Assembleia geral dos estudantes às 18h em frente a reitoria ocupada

28/10 (segunda): Comando de greve na reitoria ocupada às 18h

Encaminhamentos:

1.   Manutenção da greve no curso de filosofia: três pessoas foram contrárias

2.  Apoio à ocupação no campus de São Carlos

3.  Aprovação da carta à Comissão de Qualidade de Vida do Prédio do Meio

4.  Eleições do CAF: Adiamento das eleições do CAF até o final da Greve

5.  Eleições de DCE (indicativo para a Assembleia Geral): Adiamento das eleições do DCE até o final da Greve

6.  Indicativo para a Assembleia Geral: Que a USP se incorpore ao ato que ocorrerá no CO da UNESP dia 31/10 às 09h no centro de São Paulo

7.  Indicativo para a Assembleia Geral: Que o Comando Geral de Greve priorize a representação dos cursos em greve, limitando os outros a apenas 1 delegado.

8.  Que os estudantes exijam, por meio de uma carta aos professores e na reunião de departamento, que os estudantes em greve não sejam prejudicados em suas matérias – reivindicar reposições e que as avaliações sejam feitas somente após essas reposições.

9.  Atividade de Greve: Para fortalecer nossa unidade com os professores que apóiam o movimento: que a assembléia dos estudantes de filosofia delibere por uma aula pública com professores de filosofia, na filosofia. Com indicativo de horário às 14h e data a ser decidida no Comando de Greve.

10.  Consulta à assembleia: Os alunos de filosofia tem interesse que seja ministrado um curso de difusão de filosofia oriental, com preferência de preenchimento de vaga para alunos do curso de filosofia, em detrimento dos demais interessados? A assembleia posicionou-se como tendo interesse.

11.  Próxima assembleia do curso de filosofia

Terça ou Quarta da Semana que vem: data será decidida pelo Comando
Horário um pouco mais tarde: 1ª convocação 18h30, 2ªconvocação 19h      





quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Uma Vez Mais

Osvaldo Coggiola

Circula, no âmbito docente da FFLCH, mas já transcendido para a grande imprensa, um manifesto relativo à situação da faculdade no contexto da crise da USP. Ele está (ou estava, na última versão à que tive acesso) assinado por 154 docentes da casa. O número destes, na ativa, é de pouco mais de 460; se incluirmos os aposentados que cumprem funções docentes esse número de eleva para 580, aproximadamente. Ou seja, o manifesto representa a posição de algo entre 25% e 33% do corpo docente, percentual mais do que significativo. Qualitativamente, representa bastante mais do que isso.

O que atualmente acontece na FFLCH é parte inseparável, obviamente, do que acontece na USP e, além dela, do que está acontecendo no país desde o último mês de junho. Certamente, a situação da faculdade é passível de análises e posicionamentos específicos, conquanto não ignorem o contexto geral. A nota referida se refere ao “movimento político legítimo do corpo discente”, imediatamente qualificado, no âmbito da FFLCH, pelo uso de “métodos de coerção inaceitáveis e inapropriados ao convívio universitário”. A Folha de S. Paulo resumiu livre (e tendenciosamente) o conteúdo do documento nas suas “críticas ácidas à forma como as lideranças do movimento estudantil, ligadas a grupos ultraesquerdistas, têm conduzido a mobilização por eleições diretas do futuro reitor da universidade”, ampliando essa qualificação para o conjunto do movimento estudantil, não apenas àquele da FFLCH, no que, como veremos, não lhe falta razão (ao seu modo). Querendo ou não, portanto, o documento ultrapassa objetivamente o âmbito da faculdade. Ele condena “métodos de ação como ‘cadeiraços’, barricadas e piquetes, que impedem o livre acesso às salas de aula e o diálogo entre professores e estudantes”, nada dizendo, por exemplo, sobre a ocupação da Reitoria.

O contexto da atual crise, nacional, estadual e uspiano; histórico e conjuntural (ou “político”); é vital para a compreensão da forma do movimento. Cabe, portanto, em primeiro lugar, interrogar-se sobre a procedência do método consistente em proclamar a legitimidade objetiva do movimento e, simultaneamente, sua ilegitimidade formal; proclamar a validade de seus objetivos e a invalidade de seus métodos. Poderiam se considerar, nessa seara, movimentos “ilegítimos” em seus objetivos (por exemplo, o nazi-fascismo racista e genocida), mas perfeitamente civilizados (ou “legítimos”) nos seus métodos: o fascismo real, não aquele imaginário, soube se mostrar (iludindo mais de um), perfeitamente respeitoso da ordem institucional, quando isso lhe foi necessário. Muita tinta correu, desde então, acerca da legitimidade democrática de instituições em cujo seio cresceu tranquila e alegremente a negação monstruosa da humanidade.

A atual crise da USP é a mais grave dos últimos trinta anos, pelo menos. Suas raízes institucionais (apenas elas) são claras e explícitas. No último quarto de século, a USP situou-se consciente e propositalmente fora do âmbito legal demarcado pela Constituição Federal de 1988 e sua LDB, que prevê a gestão democrática das instituições de ensino, e estabelece pautas normativas para a gestão das instituições universitárias públicas. As raízes políticas da crise estão mais em baixo. Suas raízes sociais, mas em baixo ainda. De docentes da FFLCH se espera, em princípio, que sejam especialmente sensíveis a estas duas últimas dimensões.

Cada tentativa (bem ou mal sucedida) de aproximar sequer um pouco à USP da legislação vigente provocou crises mais ou menos graves (lembrar, por exemplo, a ameaça de professores titulares da Escola Politécnica e da Faculdade de Medicina de separar, tornar independentes, suas faculdades da USP, caso fosse ampliada a constituição do Conselho Universitário, na década de 1980, pouco antes da proclamação da atual Constituição). Certamente, é possível e legítimo defender na e para a USP uma ordem institucional diversa daquela legalmente vigente no âmbito federal, baseada exclusivamente num critério meritocrático (ou hiper-meritocrático), sob duas condições: a) Proclamá-lo explicitamente; b) Propor mudar a legislação vigente (não apenas para a USP, mas também para as mais de cem instituições de ensino superior público do país) ou, alternativamente, propor tornar a USP independente da República Federativa do Brasil - Estado de São Paulo incluído - sem acesso, portanto, aos recursos públicos até o presente auferidos na condição de instituição autárquica das entidades estatais supramencionadas.

Quanto às raízes políticas imediatas da atual crise, elas se vinculam claramente aos recentes movimentos sociais, os maiores, em extensão social e geográfica, da história do país, pautados, entre outras coisas e em primeiríssimo plano, pela questão do direcionamento e gestão pública (transparente e democrática) dos recursos públicos. As características da atual crise, incluídos os métodos usados pelo movimento estudantil para lhe dar resposta, resultaram do agravamento dos componentes históricos e estruturais, políticos e conjunturais, e até éticos e morais, da crise institucional da USP. O documento aqui comentado condena “as derivas autoritárias e truculentas de uma parcela nem sempre representativa dos alunos”, como uma espécie de característica histórica e específica do movimento estudantil da FFLCH.

Ora, no momento de redigir estas linhas, chegou-me, graças aos bons ofícios de um dos colegas signatários do manifesto, declaração de uma parcela também significativa dos docentes do Instituto de Física, condenando “membros do corpo discente que bloqueiam passagens e portas de salas de aula com carteiras amontoadas (...) atitude (que) configura uma tentativa de imposição de um pensamento de desrespeito e intolerância frente a opiniões contrárias... Protestos, manifestações, aglomerações, reivindicações, entre outros, são normais e saudáveis num local onde há pluralidade de pensamentos. Isso não pode, no entanto, servir de justificativa a atos de coerção, de imposição, de impedimento do direito de escolha dos membros da comunidade”. Não sei (e não julgo) o que está acontecendo no Instituto de Física (ou em outras unidades), mas percebo que nossos alunos andaram fazendo escola (parte de nossos docentes também). 

Na verdade, o conteúdo do documento comentado se resume nas suas primeiras três palavras, “uma vez mais”. “Uma vez mais” um movimento estudantil, “uma vez mais” truculência estudantil não representativa, “uma vez mais” instituições uspianas “pouco permeáveis às aspirações coletivas” (e muito permeáveis, em perfeita consonância entre objetivos e métodos, ao uso da Polícia Militar para resolver seus problemas de escassa permeabilidade, prévia ação legal de reintegração de posse, claro). Tudo como dantes no quartel de Abrantes, “uma vez mais”.

Só que, desta vez, “uma vez menos”, o juiz não concedeu a reintegração; “uma vez menos” a Reitoria teve que nomear uma comissão de negociação (em 2002, quando da greve da FFLCH por contratação de docentes, a Reitoria passou meses sem querer negociar nada, com comissão ou sem ela; foi graças a um truculento ato-passeata que rodeou autoritariamente a Reitoria que foram finalmente abertos 130 concursos, que permitiram o ingresso de 130 docentes, boa parte dos quais, como no melhor [ou pior] tango, aparecem ora como assinantes do supostamente antiautoritário documento em tela, não assinado por nenhum dos docentes oradores ou organizadores daquela coercitiva jornada) e “uma vez menos” os estudantes “sérios” (da Física, de São Carlos – matemáticas et al – da EACH, etc.) acham que o convencimento não pode se limitar a palavras (escritas ou ditas), mas implica também ação. Não fomos nós que lhes ensinamos isso?

Há, no movimento de ocupantes e afins, grupelhos, não “ultraesquerdistas”, mas simplesmente (perdão) escrotos, que usam os estudantes como carne de canhão de interesses mesquinhos, ou lúmpens que depredam ou roubam o patrimônio público? Sim, e não “uma vez mais”, mas cada vez menos (percentualmente). Vamos falar disso com os estudantes (eu o fiz, na Reitoria ocupada, a convite deles). Vamos ser professores, não só entre as quatro paredes das salas de aula, mas em toda parte: é o que nos pedem os estudantes.

Tem coisa nova, não só “uma vez mais”. Inclusive o documento aqui comentado. Só assinado por docentes, nenhum estudante, nenhum funcionário (cuja assinatura não se buscou). Enveredando pelo caminho, não do autoritarismo (uso indevido da autoridade, com qualquer fim), mas do corporativismo (palavra de triste passado e de abusivo, mas não menos real presente). Docentes vs. Estudantes. O documento nada diz que não tenha sido dito ao longo dos últimos, digamos, quinze anos; mas não o diz “uma vez mais”, o faz em forma de documento com muitas assinaturas. Ele próprio é um sintoma de que não estamos diante de “uma vez mais”.

A FFLCH, seus docentes, tem, ou deveria ter, a função de estar à frente e em cima de seu tempo. Para isso nós somos, nem sempre o conseguimos. Na Congregação em que votamos estatuinte e diretas para reitor, estivemos em cima e à frente da USP. Com esse documento ficamos, sem meias palavras, atrás e em baixo.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Reflexões sobre o conceito e a função da universidade pública - Franklin Leopoldo e Silva

A motivação política da expansão do ensino superior privado: causas e conseqüências

NUNCA É DEMAIS retornar à gênese dos fatos, para melhor discuti-los. Muito do que se discute atualmente acerca da universidade poderia ser mais bem focalizado se considerássemos determinadas continuidades, por vezes deliberadamente ocultadas sob a capa das novidades ilusórias e das emergências do presente. Desde que o Relatório Atcon diagnosticou o estrangulamento no canal de acesso à universidade, a preocupação dos governos que se sucederam durante a ditadura militar foi a ampliação de vagas sem que isto representasse um investimento significativo. A partir daí é que se firmou a argumentação de que o ensino privado superior cumpriria uma função complementar, tendo em vista a impossibilidade de o poder público arcar completamente com este ônus.

A entrada da iniciativa privada no ensino superior deu-se primeiramente por meio de uma ampliação das atividades que os empresários da educação já exerciam na esfera do ensino básico. Assim, a mesma mentalidade organizacional que fez expandir e consolidar as empresas de ensino de primeiro e segundo graus passou a reger as iniciativas privadas no ensino universitário, até porque se tratava dos mesmos grupos. A idéia era trazer a eficiência empresarial, já comprovada no ensino básico, para o ensino universitário e marcar, também neste nível, superioridade organizacional da empresa particular em relação à instituição pública.

Disto resultaram duas conseqüências de ordem propriamente política. Em primeiro lugar, a proliferação de escolas privadas de ensino superior (o CFE deferiu 759 solicitações entre 1968 e 1972) permitiu o acesso de vastas camadas da classe média ao ensino universitário, atendendo assim a uma expectativa que se vinha tornando cada vez maior. Em segundo lugar, o caráter próprio dessas organizações empresariais supunha naturalmente um perfil de curso superior significativamente distinto daquele dos cursos em instituições públicas. Os parâmetros de eficiência e lucratividade excluíam qualquer ideário pedagógico mais consistente, o que foi substituído pelo senso de oportunidade comercial na organização e venda de serviços segundo o critério da demanda. Este tipo de atitude compunha-se muito bem com o regime autoritário, que entendia a universidade como formadora de "recursos humanos" de acordo com a ideologia do desenvolvimento e da segurança nacionais.

Desta forma, a ditadura encontrou na expansão do ensino privado tanto um meio de se desonerar da responsabilidade educativa quanto um instrumento ideológico eficaz para a adaptação do alunado às regras de comportamento político (ou apolítico) vigentes. Há de se entender também que os parâmetros de lucratividade e eficiência repercutiam diretamente na questão da qualidade e do nível de ensino ministrado. A dependência da clientela para a sobrevivência econômica da empresa gerava naturalmente um nivelamento por baixo das exigências didáticas. Como este rebaixamento redundava num aumento visível do número de graduados em nível superior, isto também vinha ao encontro das expectativas do governo, na medida que constituía uma maneira de alimentar com ilusões e falsas esperanças os anseios de ascensão da classe média.

É preciso considerar como vivenciamos hoje as conseqüências desta idéia perversa de expansão e democratização do ensino superior. O conceito de eficiência organizacional como condição da atividade universitária está definitivamente implantado na instituição pública. Proliferam as análises que tentam diagnosticar todas as dificuldades enfrentadas pelas universidades públicas como derivadas de defeitos na gestão. Como a instituição pública é em geral mais complexa que a empresa de ensino privada, por ter de atender a expectativas mais amplas de atuação, o modelo econômico-pragmático de administração não pode se restringir naturalmente à gestão econômica, estendendo-se então à totalidade das atividades, que passam a se subordinar, em larga medida, às injunções gestionárias. A aplicação do modelo privatista a instituições que, pelo menos em tese, se caracterizam pela prioridade dos aspectos intelectuais e acadêmicos, gera as contradições que existem atualmente, mascaradas pela progressiva adaptacão do trabalho intelectual e acadêmico às novas exigências, o que passou a ser visto como condição de sobrevivência acadêmica e por isto foi introjetada por grande parcela do corpo docente, a ponto de se tornar a cada dia algo mais "natural", mas "racional" e mais "sensato".

Ora, as empresas de ensino superior, ao contrário das escolas confessionais, sempre condicionaram a eficiência de sua organização a uma independência do poder público. Em troca dos serviços prestados, que desoneram o governo de parte de suas responsabilidades pela educação, reivindicam com freqüência que este mesmo governo não interfira no modo como essas escolas se organizam, como organizam o ensino e principalmente nos critérios de fixação e reajuste de mensalidades. A razão é simples: dependendo exclusivamente do pagamento dos alunos para a sua sobrevivência, e não de verbas governamentais, a qualidade e extensão dos serviços prestados estão diretamente vinculados à autonomia na gerência dos custos, nomeadamente na captação das mensalidades. Assim, firma-se a idéia — que até bem pouco tempo era diretriz de todas as escolas superiores não confessionais — de que uma organização de ensino deve viver do que cobra de sua clientela, administrando com a máxima eficiência estes recursos.

Gratuidade, elitismo e necessidades sociais

Esta ligação entre eficiência e inserção adequada no mercado parece exercer um certo fascínio sobre aqueles que se manifestam favoráveis à extinção da gratuidade. A idéia de que a eficiência anda de mãos dadas com recursos gerados a partir de captação no mercado, e de que o ensino é um produto que deve ser posto no regime de competição como todos os outros, se opõe à imagem da acomodação, do conservadorismo e da ineficiência das instituições que, contando com verbas públicas, não dependem de estratégias eficientes para sobreviver no mercado. Este argumento supõe a concepção de que o regime de competição seja a única forma de conduzir à eficiência. Se as instituições públicas adotarem eventualmente uma estratégia de extinção gradual da gratuidade, num processo pensado a médio prazo, em que a cobrança de taxas módicas conviveria com alguma subvenção pública, isto redundaria no oferecimento de ensino de qualidade a preços competitivos no mercado.

A este argumento, aparentemente fundado na necessidade de eficiência organizacional, junta-se outro, que tem a ver com uma concepção "mitigada" de ensino pago e que apela para a necessidade de "democratização" do ensino público superior. Consiste em propor que se cobrem taxas daqueles que podem pagar para, com tais recursos, financiar aqueles que realmente só poderiam estudar em condições de gratuidade. A objeção mais imediata ao aparente bom-senso desta proposta pode ser formulada examinando-se o que se entende por "democratização" e as causas pelas quais a universidade pública pode ser acusada de "elitismo". Democratização significa, neste contexto, que o acesso à universidade não dependa de condições sócio-econômicas e que os critérios de ingresso não favoreçam as pessoas que detêm situação sócio-econômica privilegiada. O que se pode constatar, até mesmo estatisticamente, é que a condição sócio-econômica parece representar papel decisivo no ingresso em várias carreiras, principalmente nas universidades públicas mais bem conceituadas.

A superioridade da situação sócio-econômica se traduz, neste caso, por melhores condições de preparo para o vestibular: bons colégios, o que no nosso contexto significa colégios e cursinhos caros, existindo aí o entrecruzamento do aluno melhor preparado com o aluno que dispõe de condições sócio-econômicas para atingir este nível. Sabe-se que nas carreiras menos competitivas a proporção de ingressantes oriundos de colégios públicos é maior. O que esta situação revela não é a substituição do mérito pela condição sócio-econômica, mas sim que aqueles que dispõem de meios estão mais aptos a cumprir os requisitos de mérito. Supondo a aceitação do critério do mérito como o mais adequado, é possível verificar que a discussão se situa muitas vezes num patamar inadequado.

O desinteresse generalizado dos governos pela escola pública básica gerou a distância enorme que atualmente se constata entre o ensino básico e a universidade pública em termos de qualidade de ensino. Esta distância só tende a aumentar se persistirem, de um lado, o processo de deterioração do ensino básico público e, de outro, as exigências para o ingresso nas universidades públicas. Parece claro, diante disto, que a alternativa para que se diminua o "elitismo" não pode ser a adaptação da universidade à indigência do ensino básico, mas sim a recomposição da escola pública de primeiro e segundo graus. E esta é uma questão política porque tal recomposição dependeria de uma profunda revisão das prioridades que orientam a atuação dos governos.

Não se trata apenas de um problema de "reestruturação" interna das atividades de ensino, mas de uma opção política mais ampla, que considere a questão nos seus vários aspectos, o principal dos quais é o resgate da figura do professor da escola pública básica. O alcance das mudanças necessárias exige, pois, uma inflexão decidida num processo histórico de degradação do ensino, que parece ter sido assumido como irreversível. Assim, a situação que se configura como "elitista" tem raízes profundas fora da universidade, já que os colégios públicos não oferecem condições para que seus alunos possam competir em condições de igualdade. Como não é possível mudar a situação de competitividade, somente a recomposição da escola pública implicaria uma democratização das oportunidades. Vemos então que a "democratização da universidade" não é uma questão que possa ser resolvida somente pela universidade.

Não se pode também confundir democratização do acesso com atendimento a carências da sociedade, que na maioria das vezes existem como efeito de opções políticas mais amplas assumidas pelos governos. A idéia de que a universidade pública destina-se aos carentes é equivocada ou demagógica. Ela destina-se a todos aqueles que cumprem os requisitos de ingresso. Ocorre que as universidades públicas mais conceituadas têm uma história caracterizada pela manutenção de um elevado padrão de ensino e de exigências, o que já está presente, pelo menos em parte, nos exames de ingresso. Essas exigências estão largamente distanciadas do preparo que o aluno do colégio público recebe. Juntando-se a isto o número cada vez mais elevado de postulantes, o resultado é o afunilamento que, na prática, se traduz nas diferenças sócio-econômicas. A universidade não resolve por si mesma e imediatamente as carências sociais, embora possa contribuir, na esfera que lhe é própria, para o encaminhamento de soluções. Está inscrita na própria idéia de autonomia universitária uma relação mediada com a sociedade.

A concepção de que a universidade deveria ter uma relação direta com as necessidades sociais é profundamente contrária à autonomia que deve caracterizar o ensino e a pesquisa. Com efeito, "necessidades sociais" permanece algo abstrato enquanto não for explicitado por alguma instância que as interprete na forma de prioridades, diretrizes e orientações que atendam efetivamente a tais necessidades. No plano das relações institucionais esta instância tende a ser o Estado e, na prática, os governos. Deste modo correr-se-ia o risco de inserir a universidade no ritmo das conjunturas políticas que se sucedem, o que equivaleria a um profundo desequilíbrio do trabalho universitário, o qual deve ser orientado por um núcleo permanente em que resida o ideário mais amplo e mais originário pelo qual a instituição se deveria pautar.

Autonomia, caráter público e função social da universidade

A que necessidades sociais responde o ensino superior privado? Certamente, àquelas que são filtradas pelo mercado. É esta correspondência imediatista à demanda que se reflete na organização empresarial das escolas particulares, e esta inserção direta no mercado constitui critério a que se submetem todos os aspectos da organização do ensino. Neste sentido, a expansão do ensino privado é conseqüência da visão do mercado como critério universal. Se isto estava confusamente embutido na opção dos governos da ditadura, agora trata-se de algo plenamente manifesto na vigência das escolhas neoliberais. Boa parcela das acusações de arcaísmo, corporativismo e ineficiência feitas à universidade pública visa, na verdade, ao distanciamento que ela, em grande parte, ainda mantém do mercado. E por não estar limitada pelas injunções do mercado é que a universidade pública pode cumprir o seu papel histórico e social de produção e disseminação do conhecimento, e também manter com a cultura uma relação intrínseca que se manifesta numa possibilidade de reflexão que foge aos moldes do compromisso imediatamente definido pelas pressões de demanda e de consumo.

É sabido que as universidades públicas que atingiram altos padrões de ensino e pesquisa foram aquelas que optaram pela valorização da dedicação exclusiva e pela pesquisa básica, isto é, exatamente aquelas que mantêm, em meio a todas as dificuldades, um grau elevado de independência com relação às injunções imediatas do mercado. E os obstáculos atualmente enfrentados para a manutenção destes requisitos refletem as pressões externas (e em grande parte já introjetadas) que a instituição vêm sofrendo.

Tais pressões, profundamente desintegradoras, tendem a anular a diferença entre instituição pública e organização empresarial, o que é uma conseqüência do processo de desmantelamento do espaço público, atualmente em curso. Na impossibilidade de examinar-se aqui as raízes históricas deste processo, que é mundial, interessanos analisar alguns dos seus aspectos que interferem diretamente na vida das universidades públicas brasileiras. O projeto de universidade mais cuidadosamente formulado na história do país foi o da Universidade de São Paulo, amadurecido entre os anos 20 e 30 por liberais ilustrados, preocupados com a consolidação da República num país de tradições rasas e em cuja cena política dominavam as oligarquias, vistas pelos liberais paulistas como lastro inútil e indesejável, responsável pela lentidão do ingresso na modernidade política. É interessante notar que a decantada "formação das elites", bandeira ostensiva do grupo que então pensava a futura universidade, aparecia como algo indissoluvelmente ligado ao caráter público da universidade, sendo visto como a maneira de superar os vícios que proliferavam no cenário político.

As novas elites, resultantes de um processo de formação cultural concebido a partir de horizontes amplos e desvinculados dos limites profissionalizantes, descomprometidas com as motivações sócio-econômicas que viabilizavam a reprodução da política oligárquica, deveriam fazer frutificar uma mentalidade propícia ao cultivo dos mais elevados valores culturais e políticos, que se concebia naturalmente como sendo aqueles vinculados ao ideário liberal.

Qualquer que seja o juízo que se faça acerca da ideologia subjacente à proposta, há de se convir, mormente num olhar retrospectivo, que se pensava numa convergência entre a universidade pública, a coisa pública e o homem público. Deliberadamente ou não, e mesmo com graus variáveis de autenticidade, o liberalismo ilustrado da época, ao menos no contexto da campanha pela universidade, conferiu ao público o estatuto de um valor, concebendo a universidade pública como o lugar apropriado para a discussão e a construção de valores. Ainda que se possa ver aí um certo direcionamento, definido a partir de posições ideológicas determinadas, é possível perceber, ao menos residualmente, uma iniciativa de promoção do público e do institucional a condições indispensáveis à consecução de finalidades consideradas positivas para a sociedade em vias de organização.

Este papel preponderante do público na organização da sociedade entraria depois em declínio: sua breve revitalização nos anos imediatamente anteriores ao golpe militar de 64 poderia ser vista como a melhora que por vezes antecede a morte do doente. Atualmente vivemos a ocupação do espaço público pelos meios de manipulação e mistificação da opinião, meios voltados para a finalidade de diluir este espaço. O fato de que o governo desenvolve um processo acelerado de isentar-se de suas responsabilidades públicas é testemunho eloqüente desta perda. A universidade sofre as conseqüências deste processo. Da valorização da iniciativa pública de projetar uma universidade — que o liberalismo ilustrado considerava como dever cívico — à valorização da iniciativa privada no ensino por parte da ditadura e do liberalismo tecnocrático, foi percorrido um caminho em que a brevidade cronológica contrasta com a intensidade da degradação.

É claro que, no caso do ensino superior, as ameaças que pesam sobre a universidade pública são os sintomas evidentes da deterioração da concepção de universidade. A prova disto é que pouco se atenta para determinadas características e funções que dificilmente seriam mantidas fora da universidade pública, e que incidem diretamente no ensino, na pesquisa e na vida cultural do país. A dedicação exclusiva ao ensino e à pesquisa que, como já mencionamos, é fator preponderante no aprimoramento das atividades nas melhores universidades públicas, não foi pensada pelos seus idealizadores como uma medida técnico-administrativa, visando a maior eficiência do trabalho universitário. Ela foi uma opção política decisiva no processo de qualificação da atividade acadêmica. Significa um investimento direto na formação constante do docente-pesquisador, a partir de uma visão ampla da relação entre ensino e pesquisa, cuja indissociabilidade está no núcleo do ideário de excelência acadêmica.

O fato de a pesquisa básica ter se desenvolvido graças a esse fator mostra a vinculação intrínseca deste regime de trabalho com uma idéia de universidade que se pauta pela recusa de entender o ensino e a pesquisa como serviço e mercadoria. A produtividade acadêmica, em nível didático ou da pesquisa, não se vincula a produtos ou à venda de serviços. E foi precisamente graças a este distanciamento que a universidade pôde contribuir para a solução de problemas nos mais variados aspectos da organização social: porque tais soluções surgiram a partir da liberdade de pesquisa e de uma visão de maior alcance das relações entre a ciência e o desenvolvimento tecnológico. São as mediações que resguardam a universidade pública da subordinação imediata ao mercado e os fatores que permitem a qualidade de sua contribuição à sociedade. É a independência nos processos de investigação e de debate que garante o desenvolvimento da produção, da transmissão e da aplicação do saber. Aqueles que assimilam tais características ao desinteresse e à "torre de marfim" demonstram desconhecimento das especificidades do trabalho universitário, e de seu alcance histórico-social.

A autonomia da universidade, requisito para a realização da idéia de universalidade, não significa que a instituição abstrai o contexto social no qual se insere. A independência, como distanciamento crítico, possibilita, ao contrário, que este contexto possa ser pensado como um pólo de relação que não se confunde com qualquer conjunto de interesses particulares, sejam eles mercadológicos, empresariais ou políticos. A abstração ocorreria precisamente se a universidade servisse imediatamente a determinados interesses, com exclusão de todos os outros que atravessam uma sociedade complexa e contraditória.

O investimento necessário ao desenvolvimento da pesquisa básica e a manutenção da condição indispensável da dedicação exclusiva exigem o comprometimento do Estado. As finalidades próprias de uma organização empresarial não suportariam tal compromisso. Assim, há de se convir que as atividades fundamentais da universidade estão intrinsecamente vinculadas ao caráter de instituição pública. A quem serve a pesquisa básica? Do ponto de vista de interesses imediatos, a ninguém. Do ponto de vista de sua inserção num projeto histórico-político emancipatório de dimensões amplas, serve a todos, serve à nação. Por desprezarem esta mediação e esta diferença, muitos vêem na pesquisa básica e na dedicação exclusiva um ônus pesado e inútil. Parte dos que pensam assim o fazem por ignorância; outros, entretanto, representam interesses político-econômicos que seriam mais bem atendidos por um projeto contrário ao desenvolvimento social e à emancipação. E, lamentavelmente, entre estes últimos encontram-se aqueles que estão em posição de interferir nos destinos da universidade pública.

Universidade pública e cultura

É preciso considerar também os aspectos da relação entre universidade e cultura. Quais são as condições de preservação, de apropriação da cultura, e de reflexão crítica sobre ela? Mesmo um diagnóstico superficial da época em que vivemos é suficiente para mostrar a precariedade destas condições. O ritmo do tempo histórico, marcado pelo círculo perverso entre produção e consumo até mesmo daquilo que entraria na categoria dos "bens culturais": o imediatismo e o caráter efêmero e disperso dos interesses que os indivíduos são encorajados a cultivar, a fragmentação e a distorção da informação, a mercantilização extremada dos meios de comunicação, a prioridade da realização de anseios impostos por um processo de racionalidade ideologicamente comprometido com critérios definidos de forma unilateral, estão entre os fatores que tendem a desagregar a identidade cultural.

Os acessos ao mundo da cultura são cada vez mais intensamente submetidos a mecanismos alienantes, sem que o Estado assuma qualquer medida no sentido de garantir o acesso efetivamente democrático: pelo contrário, os poderes públicos se fazem cúmplices dos oligopólios midiáticos. A universidade pública é a única instância em que se pode resistir, de alguma maneira e por mais algum tempo, talvez, a este processo que traz na sua própria dinâmica um objetivo destruidor. A universidade pública é a instituição em que a cultura pode ser considerada sem as regras do mercado e sem os critérios de utilidade e oportunidade socialmente introjetados a partir da racionalidade midiática.

Esta é a razão pela qual se critica a universidade por abrigar tantas coisas "inúteis", tais como a Filosofia, as Letras Clássicas, os Estudos Literários etc. Mesmo as áreas de Humanidades que se constituíram como ciências na modernidade — como Sociologia, Antropologia ou História —, entram também de alguma maneira no rol dos ornamentos supérfluos, a menos que se prestem diretamente a se transformarem em instrumentos de poder tecnocrático. O patrimônio cultural é redefinido e reapropriado a partir de critérios extrínsecos. Para que a disseminação pública da cultura fuja a estas determinações pragmáticas e economicistas é necessário um espaço público de preservação, de apropriação e de reflexão. As atividades que aí se desenvolvam não se podem subordinar a critérios da expectativa de retorno de investimento. Por isto a universidade como instituição pública pode assumir a função de garantir o efetivo caráter público de que em princípio se revestem os bens de cultura historicamente legados ao presente, à medida em que estes não se apresentem como produtos que as organizações comerciais de ensino possam vender no mercado.

Faz parte da autonomia da universidade pública esta relação intrínseca com a cultura, que permite que o acesso não seja filtrado por dispositivos discriminadores montados em outras instâncias da vida social. É esta publicidade da cultura, que só na instituição pública pode se articular em algum grau, que garante o conhecimento, a apropriação intelectual, a reflexão, a crítica e o debate.

E isto significa democratização, atendimento ao direito que tem o cidadão de participar da cultura. Franklin Leopoldo e Silva é professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

Greve de Alunos

Prof. Dr. Lincoln Secco, do Departamento de História da USP

Imagine que durante uma greve de professores universitários os alunos tomem a seguinte decisão: "Como esta greve não é nossa, exigimos a contratação de professores substitutos, pois temos direito à aula". Jamais o movimento estudantil agiu desta forma torpe. Todavia, é comum que greves isoladas de alunos suscitem a ira mesmo de professores que fazem suas próprias greves. Argumentam que o corpo discente não realiza greve posto que não trabalha. Mas numa universidade acoplada intimamente à reprodução do capital é no mínimo duvidoso afirmar que professores, alunos de graduação e pós graduação não concorram coletivamente para a geração de conhecimento científico. Lembremos que a ciência é uma força produtiva. Mas o que importa é que a universidade não se reduz à sala de aula ou aos laboratórios de pesquisa. A sociedade espera dos estudantes que eles aprendam a conviver, a participar em assembléias, a decidir coletivamente e aceitar os riscos de suas decisões. Os conteúdos das disciplinas escolares não são um fim, mas um meio. O fim é a autonomia que permite que novos pesquisadores, docentes e, especialmente seres humanos melhores se formem. Por isso, numa verdadeira universidade os alunos aprendem dentro da sala de aula e fora dela. A categoria dos professores não é obrigada a participar de uma greve que ela não decidiu, contudo, ela tem o dever de prestar solidariedade aos seus alunos. Solidariedade não exige concordância ou participação. O que se espera é apenas que os professores não se comportem como patrões dos seus alunos, vociferando pedidos de punição e praticando a humilhação daqueles que ele tem o dever de ajudar a se auto-educar. Os alunos são a única categoria desinteressada na universidade pública. Não lutam por salário ou privilégios. Em suas ações cometem erros táticos e exageros utópicos. Ainda bem! Entre o "erro" de uma porta quebrada ou um piquete erguido e o acerto de malversações de verba pública decididas por uma cúpula que não é eleita e não se reporta a ninguém, o que você prefere?"

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Manifesto de Professores da USP


A Universidade de São Paulo é considerada uma das melhores e mais conceituadas universidades da América Latina. Mas nem mesmo todo o reconhecimento de que a USP usufrui é capaz de esconder a crise institucional com a qual convive. Uma crise que vem se agravando e que cada vez mais ameaça suas atividades-fim.

O Conselho Universitário, supostamente com o intuito de reconhecer e propor soluções para a crise, e com a justificativa de “ampliar a democracia” na USP, aprovou o alterações nos critérios de eleição para Reitor e Vice-Reitor que nem de longe atendem aos anseios de democratização da universidade.

Mesmo assim, embora seus principais dirigentes neguem a existência da crise, é emblemático o fato de a maioria do próprio Conselho Universitário reunido no último dia 01 de outubro de 2013 ter votado favoravelmente à proposta de instalação de uma Estatuinte (58 votos favoráveis contra 47 contrários). Nada mais urgente. No entanto, a proposta não foi aprovada por não ter alcançado dois terços dos votos, requeridos pelo estatuto atual.

O resultado a que se chegou na última reunião do Conselho Universitário demonstra que esse órgão, pela sua composição atual, é incapaz de refletir as diversas opiniões existentes na universidade e, portanto, incapaz de oferecer soluções para a crise.

Não tendo oferecido soluções para a crise, sucedeu-se o inevitável. A recente ocupação da antiga Reitoria pelos estudantes é apenas expressão de uma incapacidade endêmica do atual modelo institucional – no que se inclui a gestão universitária – de canalizar os conflitos nela existentes de forma criativa e construtiva. A resposta do atual Reitor à ação dos estudantes apenas reforça a percepção generalizada de que a Reitoria age de maneira desmedida, abusiva e autoritária.

Em recente entrevista à imprensa, o Reitor João Grandino Rodas passou de todos os limites quando culpou o movimento estudantil pela queda da USP em rankings internacionais, desviando a atenção dos reais problemas da USP.

Contudo, se o atual Reitor exacerbou sistematicamente a prática do arbítrio e do abuso, o ponto é que o modelo institucional da USP permite que o Reitor aja dessa maneira.

A USP encontra-se sufocada. Não consegue mais conviver com o arbítrio, a falta de transparência, a intimidação como método, a corrupção do interesse público pelo interesse privado e uma estrutura de poder que permite tudo isso, na medida em que alija do debate e das decisões a ampla maioria da comunidade universitária.

É no trabalho de ensino e pesquisa de seus mais de cem mil membros, entre docentes, alunos e servidores não docentes, que está o mérito da USP. E justamente por que a comunidade é a base do mérito é que se faz necessário um amplo e vigoroso processo de abertura e democratização de nossa universidade.

Por isso acreditamos ser absolutamente necessária uma Estatuinte democrática e soberana, eleita especificamente para fazer uma reforma no Estatuto da USP, e manifestamos nossa posição de que seja aberto um canal de dialogo entre estudantes e a reitoria, com participação das representações dos docentes e funcionários.

Adma Muhana

Adrián Pablo Fanjul

Alle Menschen werden Brüder

Aurea Ianni

Cilaine Alves Cunha

Deisy Ventura

Helder Garmes

João Adolfo Hansen

Laura C.M. Feuerwerker

Leon Kossovitch

Lincoln Secco

Mauro Zilbovicius

Paulo Arantes

Paulo Capel

Raquel Rolnik

Ricardo Musse